troca de pele
domingo, 26 de março de 2017
no nada me sento
os valores
que acredito transcendem
o que acredito
o que acredito
e o que eu não acredito,
em nada acredito,
em nada acredito,
em tudo acredito,
estupefato, decepcionado,
para alem de qualquer reflexão
estupefato, decepcionado,
para alem de qualquer reflexão
eu homem pisando
nos pés do chão
com meus pés
com meus pés
o chão de meu corpo,
ora cá por essa terra,
dentro do caos do des-saber,
do saber oriundo do eu eu,
do eu você, do eu que voa
ora cá por essa terra,
dentro do caos do des-saber,
do saber oriundo do eu eu,
do eu você, do eu que voa
do eu que voa,
arranco o eu que não voa
e sigo não seguindo nada,
e no nada me sento
arranco o eu que não voa
e sigo não seguindo nada,
e no nada me sento
( edu planchêz )
centauros
e o tempo
que vem trazendo
e levando tudo,
instiga, assusta,
mapeia o medo,
espalha o aventurar-se
que é o contrário
do medo
e o contrário
é caminhar sobre o mar
como um dia fiz
como um dia fiz
sob o efeito da ayhuasca,
foi real,
andei mesmo sobre os tremores
das ondulações,
fui bicho, sou bicho,
o ancestral da centopeia,
a mais fina das espécies,
o mais grotesco
foi real,
andei mesmo sobre os tremores
das ondulações,
fui bicho, sou bicho,
o ancestral da centopeia,
a mais fina das espécies,
o mais grotesco
nos rascunhos
do que ainda não plasmei,
está a nuvem, o óvulo,
o grão,
está a nuvem, o óvulo,
o grão,
a nascente dos centauros
( edu planchêz )
no teu grelo, ama
por sorte o reino
das letras estranhas
( todas letras são estranhas )
penetra o mofo,
as aranhas retorcidas,
os cones nada frios
( todas letras são estranhas )
penetra o mofo,
as aranhas retorcidas,
os cones nada frios
da ação incontrolável
de entrarmos nos ventres,
nas lascas do doce
que deles jorram
de entrarmos nos ventres,
nas lascas do doce
que deles jorram
não, eu não digo por dizer,
digo para reverter
a última e a próxima
digo para reverter
a última e a próxima
rotação do planeta
em torno do planeta
em torno do planeta
( que somos )
e que não somos
e que não somos
planeta perdido no sangue,
achado no sangue,
nas orbitas que alçamos
para mover raios
e fagulhas,
faíscas elétricas
achado no sangue,
nas orbitas que alçamos
para mover raios
e fagulhas,
faíscas elétricas
ai em tua cidade,
naquele canto,
no outro relâmpago,
no que vos peço
com a delicadeza
no outro relâmpago,
no que vos peço
com a delicadeza
dos insetos azuis
minha engenharia
gramatical cabe
no incabível,
bem rente aos grandes
no incabível,
bem rente aos grandes
pequenos lábios,
no grelo teu, ama
no grelo teu, ama
( edu planchêz )
( edu planchêz )
um milhão e meio de mamutes radioativos
um milhão e meio
de mamutes radioativos
se somam aos sonoros alces
caídos das nuvens
do céu que nunca escurece
( e sempre escurece )
para em nome do nada
fazermos tudo
se somam aos sonoros alces
caídos das nuvens
do céu que nunca escurece
( e sempre escurece )
para em nome do nada
fazermos tudo
eu continuo escrevendo
movido pelos
rastros deixados por kerouac
nas breves histórias
que se alongam
para alem dos arquivos
muito secretos
que se escondem
rastros deixados por kerouac
nas breves histórias
que se alongam
para alem dos arquivos
muito secretos
que se escondem
nas escancaradas porteiras
( edu planchêz )
ouve essa, Ricola de Paula
fumando o baseado dos livros
que cassia eller nos oferece
com sua voz de toneladas
de cargas ultra amaras,
ultra rasgos de dunas gigantes,
areias sujas de luz
ultra rasgos de dunas gigantes,
areias sujas de luz
& árvores saborosas,
ervas suculentas
ervas suculentas
cravam-se nas carnes
dos que abertos estão
para as capacidades rasantes
dos aviões que não param
de rodopiarem
nas cabanas do olho
dos que abertos estão
para as capacidades rasantes
dos aviões que não param
de rodopiarem
nas cabanas do olho
no olho da arteira
mulher arrebatadora
remam navios cheios de rosas,
redemoinhos,
remam navios cheios de rosas,
redemoinhos,
vassouras feitas de galhos,
a poesia do que vem
a poesia do que vem
sem não precisar jamais
da lógica dos que não vivem
porque viver é ir e ir,
marcar as camadas do solo
com as margaridas escrachadas
da arrebentação
da lógica dos que não vivem
porque viver é ir e ir,
marcar as camadas do solo
com as margaridas escrachadas
da arrebentação
das ondas que gemem...
( continuem o poema )
( continuem o poema )
( edu planchêz )
sono beat
um poema enorme automático
revira-se nos meandros
do que não penso porque pensar
é roer o rádio de antenas
que se espalha
nas cavernas das meias verdades
que excluo do meu reino
de sabias alucinações
que excluo do meu reino
de sabias alucinações
você que não compreende
o que falo,
fique sem compreender
porque vou continuar falando,
arrotando as linhas que
se espalham
fique sem compreender
porque vou continuar falando,
arrotando as linhas que
se espalham
e constróem cidades
nos lares das formigas
que imagino
nos lares das formigas
que imagino
e eu apenas escrevo
com um rolo
com um rolo
de papel imaginário
pendurado por fios
nos arames do teclado
pendurado por fios
nos arames do teclado
e eu não sei o que digo,
e o que digo
e o que digo
não precisa nada dizer
prometo continuar escrevendo
pelas próximas horas sem sono
esse sem fim poema
pelas próximas horas sem sono
esse sem fim poema
( edu planchêz )
nos colares kerouacs do cérebro
compramos
por cinco reais no shopping-chão
( rua da glória/ rua da lapa )
duas caixas de som de prima
que estão aqui funcionando
( rua da glória/ rua da lapa )
duas caixas de som de prima
que estão aqui funcionando
que é uma maravilha
( no nosso pc-xp ) magnífico,
ultrapassado para os especuladores,
mas que eu adoro, e mexo nele,
como quem mexe num fusca,
na bunda que amo
( no nosso pc-xp ) magnífico,
ultrapassado para os especuladores,
mas que eu adoro, e mexo nele,
como quem mexe num fusca,
na bunda que amo
e foda-se essa turba
sem subterrâneos
nos colares kerouacs do cérebro,
nos colares kerouacs do cérebro,
nos colares kerouacs do cérebro
penduro as centenas de luas
que arranco das ruas,
dos corações famintos
que arranco das ruas,
dos corações famintos
do povo de rua,
nossos irmãos
nossos irmãos
e irmãs da arte vida
o humano é o que mais fala
na trajetória de pista
que eu e minha mulher
na trajetória de pista
que eu e minha mulher
catarina crystal
fazemos pelas nuas ruas
fazemos pelas nuas ruas
do rio de janeiro-
morcego-dourado de olhos,
garça radioativa
pousada na beira do mangue
morcego-dourado de olhos,
garça radioativa
pousada na beira do mangue
avenida presidente vargas,
avenida rio branco,
rua do catete...
de acertos e erros,
de moedas e notas
doadas pelo nosso cantar
pelas pessoas,
pelos que comem delírius,
os nossos delírius arquétipos
que vou chamar aqui,
avenida rio branco,
rua do catete...
de acertos e erros,
de moedas e notas
doadas pelo nosso cantar
pelas pessoas,
pelos que comem delírius,
os nossos delírius arquétipos
que vou chamar aqui,
de professor jards macalé,
nada mais é que isso
porque sempre lembro que,
hermínio belo de carvalho
encontrou cartola lavando carros
nas entranhas da praça tiradentes,
e nas entranhas da praça tiradentes,
pescamos nosso peixe,
a alma do peixe música,
do peixe poesia
nada mais é que isso
porque sempre lembro que,
hermínio belo de carvalho
encontrou cartola lavando carros
nas entranhas da praça tiradentes,
e nas entranhas da praça tiradentes,
pescamos nosso peixe,
a alma do peixe música,
do peixe poesia
e vamos rodando
as rodas do carrinho
que usamos para carregar
que usamos para carregar
nossa caixa de som à bateria,
responsável direta da marcante festa
que fazemos de segunda à segunda
para nos alegrar,
para alegrar os que correm
e resolvem parar
para subirem nos ombros
que fazemos de segunda à segunda
para nos alegrar,
para alegrar os que correm
e resolvem parar
para subirem nos ombros
de edith piaf
( perfeitamente encarnada
( perfeitamente encarnada
por minha imperiosa dama )
e essa cidade
que sempre foi afrancesada,
delira porque sem delírio,
o guerreiro da luz não é amor,
não é semente de cobra que samba
o rock blues não sei o que,
na voz de sérgio sampaio
que para sempre reverbera
nas minhas costelas,
na nossa fome de se armar
de sons, de jóias palavras,
de aviões e navios
que seguirão para o sul
delira porque sem delírio,
o guerreiro da luz não é amor,
não é semente de cobra que samba
o rock blues não sei o que,
na voz de sérgio sampaio
que para sempre reverbera
nas minhas costelas,
na nossa fome de se armar
de sons, de jóias palavras,
de aviões e navios
que seguirão para o sul
leste norte oeste
nos levando,
nos seios da borboleta de sonhos
de projetos nada mais que humanos
nos levando,
nos seios da borboleta de sonhos
de projetos nada mais que humanos
cumpriremos nossa lenda pessoal
de amor magistral,
mais que mais,
bem carioca
de amor magistral,
mais que mais,
bem carioca
( edu planchêz )
Rodrigo Verly me disse...
Rodrigo Verly me disse:
"você é o maior poeta
vivo que conheço",
me sinto orgulhoso
me sinto orgulhoso
e envergonhado,
mas nenhum anjo sussurra
mas nenhum anjo sussurra
em meus ouvidos
"você está cumprindo um destino,
és um instrumento da luz"
"você está cumprindo um destino,
és um instrumento da luz"
Não estou no Harlem
ouvindo a voz de Willian Blake,
nem em Aparecida de Goiânia
torrando uma tonelada
ouvindo a voz de Willian Blake,
nem em Aparecida de Goiânia
torrando uma tonelada
de folhas de coca;
Jacarepaguá com seus pássaros
me cobre com a friagem matutina,
a garganta arde,
pego na cozinha uma bela pitada sal
e jogo na boca, um pouco de água...
e gargarejo cuspindo água mesmo
Jacarepaguá com seus pássaros
me cobre com a friagem matutina,
a garganta arde,
pego na cozinha uma bela pitada sal
e jogo na boca, um pouco de água...
e gargarejo cuspindo água mesmo
( edu planchêz )
caciques armados de flores
minha mente peneira
a areia do que cresce
nas dunas do inevitável
para construir navios
de areia nos mares de areia
nos mares de areia
afundam borboletas
afundam borboletas
de metal leve,
besouros lapidados
com o que não lapida,
caciques armados de flores
besouros lapidados
com o que não lapida,
caciques armados de flores
( edu planchêz )
sons selvagens
o buraco da poesia engole
o buraco da poesia,
a soma de todas as palavras que espalhei
sobre a barriga do monstro de argila,
sobre a cabeça do sono
das coisas que nunca dormem
o buraco da poesia,
a soma de todas as palavras que espalhei
sobre a barriga do monstro de argila,
sobre a cabeça do sono
das coisas que nunca dormem
e eu nunca durmo,
apago carvões com a chave
que movo na fenda
da casa de todos
apago carvões com a chave
que movo na fenda
da casa de todos
o inventor aqui nada inventa,
abre as pernas do nunca,
o imperfeito,
a roma de que nunca esteve em virgilio,
o carvalho crescido
nos pares de ossos,
nas constantes pegadas
que deixo nas paredes
que se estendem para o além
do que devo ver
abre as pernas do nunca,
o imperfeito,
a roma de que nunca esteve em virgilio,
o carvalho crescido
nos pares de ossos,
nas constantes pegadas
que deixo nas paredes
que se estendem para o além
do que devo ver
amarela clava de fogo atiçado
pela imaginação
que não guardo nas portas,
nas páginas do que não escrevo
porque escrever é reter
na matéria os sons selvagens
pela imaginação
que não guardo nas portas,
nas páginas do que não escrevo
porque escrever é reter
na matéria os sons selvagens
( edu planchêz )
A HORA DOS DIAMANTES
( ao João do Corujão )
Nós, os Celebreiros,
declaramos somente contar
declaramos somente contar
com a chama de nosso interior
Contamos apenas com o "mar de raios",
Contamos apenas com o "mar de raios",
do sol do céu,
do sol de nossos corações
do sol de nossos corações
brasileiros universais
Possuímos raízes
profundamente fincadas
Determinamos cobrir
Determinamos cobrir
esse pais-Terra
com as folhas de ouro da poesia
com as folhas de ouro da poesia
"Não avança é recuar"
Nossas mãos, vozes, palavras,
inauguram a comunicação
Nossas mãos, vozes, palavras,
inauguram a comunicação
de alma para alma
Essa é a atitude de um celebreiro
pau pra toda obra
Essa é a nossa doce entrega
Nada ou ninguém é caso perdido
Avancemos!
Se quiser nos acompanhe
Nada ou ninguém é caso perdido
Avancemos!
Se quiser nos acompanhe
Avançaremos,
e o que importa é avançar
Se desejar,
Se desejar,
nos chame de tropicalistas,
mangue-beat,
nação brasilis,
nação brasilis,
homens-mulheres
de pedra orgânica,
ciclone invisível,
ou qualquer outra maravilha
ou qualquer outra maravilha
sem cotação na bolsa de Pequim
O fato é que estamos acordados
diante de uma terra
diante de uma terra
cheia de estrelas
e demônios estrelas.
Nada temer
A Lei das Lei é
a nossa pele selvagem
Nosso sonhos ganharão corpo
no reino da matéria
Não abriremos mão,
Não abriremos mão,
ser feliz é a nossa opção
Infalivelmente,
Infalivelmente,
os verdadeiros humanos
serão evidenciados
serão evidenciados
e a voz do poeta será (é )
a maior de todas as vozes
porque a poesia é a maior
a maior de todas as vozes
porque a poesia é a maior
de todas as revoluções
( edu planchêz )
JORGE CAVALGA
Jorge cavalga
sentado na gema do ovo
minha cabeça
Penso no guerreiro
desafiando
as entranhas de mim
desafiando
as entranhas de mim
Pelos cendeiros do mundo,
assino tratados,
traço os mapas
que meus gigantes pés
irão pisar
fitando as pupilas de Jorge
assino tratados,
traço os mapas
que meus gigantes pés
irão pisar
fitando as pupilas de Jorge
Jorge cavalga
sentado na gema do ovo
minha cabeça
sentado na gema do ovo
minha cabeça
Todos os transes da lua
habitam os pilares
de nossa casa
habitam os pilares
de nossa casa
Jorge é o mestre
de todos os jogos da sorte
de todos os jogos da sorte
Místico poema
Místico encontro
Místico encontro
Os cavalheiros raiados dançam
(com Jorge)
(com Jorge)
Jorge cavalga
sentado na gema do ovo
minha cabeça
sentado na gema do ovo
minha cabeça
( Edu Planchêz )
potentes luzes
"Cala boca já morreu",
abra-te Sésamo,
e outras frases mágicas
para destrancar a porteira,
arrancar do fundo
nosso os demônios
da dor da omissão
da dor da omissão
A firme vontade,
a convicção extrema,
o poder humano que reside em mim,
em você,
nas lanternas do novo mundo
que ora se abre
o poder humano que reside em mim,
em você,
nas lanternas do novo mundo
que ora se abre
(por nossa própria vontade)
para que façamos
nossas camas
para que façamos
nossas camas
sob o comando dos girassóis
"O que está fora é reflexo
do que está dentro",
firme vento da vitória,
firme compreensão,
firme vento da vitória,
firme compreensão,
mudança da história,
o ouro em pó está em nossas mãos
o ouro em pó está em nossas mãos
Ir além de todas as mortes
e compreende-las,
ir além das sombrias notícias,
movido pelo protons do super homem,
pelas potentes luzes do céu interior
ir além das sombrias notícias,
movido pelo protons do super homem,
pelas potentes luzes do céu interior
(edu planchêz )
segunda-feira, 20 de março de 2017
chegaremos a india
escrevo enquanto
arquivos iso são descompactados
num pendrive,
escrevo para me descompactar,
para retomar as braçadas
contamos os dias,
o número de ondas das correntes,
as luas: eu e os soldados,
eu e alexandre da macedônia
o número de ondas das correntes,
as luas: eu e os soldados,
eu e alexandre da macedônia
chegaremos a índia,
aos olhos dos elefantes,
ao rei vencido ( mas sempre rei ),
ao exercito dizimado
aos olhos dos elefantes,
ao rei vencido ( mas sempre rei ),
ao exercito dizimado
quem mergulha na história,
sabe do que falo
sabe do que falo
( edu planchêz )
onde pousam os gansos
edu planchêz
orgânico arte poeta
solto nas escadas
solto nas escadas
extremas do bem,
damasco atado aos reinos
damasco atado aos reinos
dos colibris
para sua amada catarina crystal,
o farol cor de música,
cor de vento mágico,
amor catavento ventarola
o farol cor de música,
cor de vento mágico,
amor catavento ventarola
carnaval ardido de tintas,
de carvões perfumados,
danças que alcançam o raio
onde pousam os gansos
de carvões perfumados,
danças que alcançam o raio
onde pousam os gansos
( edu planchêz )
tudo
tudo que falo
na vida manifesta
me aparece nos sonhos,
pelo mecanismo que percebo,
pelos estudos de Jung,
pela lembrança do filme de terror
que assisti com catarina
e as crianças
em Curitiba cósmica
( edu planchêz )
mamutes mutantes
mamutes mutantes mamam
os bicos das letras
que escorrem,
sem mesmo repararem nas taças
que fervem
nas leves cores
que soldam
uma frase na outra
ela me acena
eu aceno para ela
mais cedo
mais tarde
durante o coito
das caras das nossas caras
eu aceno para ela
mais cedo
mais tarde
durante o coito
das caras das nossas caras
mamutes marcantes
largados no tombo
da fruta regida pelas espumas
do limo da constante luz
largados no tombo
da fruta regida pelas espumas
do limo da constante luz
mariscos
azulões
lulas
caranguejos
azulões
lulas
caranguejos
é o ar de ipanema
nas grades
que são meus dentes
para a língua
que uso para filtrar
as folhas da fala
as formas agudas do beijo
nas grades
que são meus dentes
para a língua
que uso para filtrar
as folhas da fala
as formas agudas do beijo
( edu planchêz )
vosso poeta, meu poeta
vendo esse meu rosto
de alguns anos atrás,
livre das marcas do hoje,
ou carente dessas marcas
livre das marcas do hoje,
ou carente dessas marcas
meu rock andou
jogado pelos cantos,
para um homem experimental,
tal situação,
para um homem experimental,
tal situação,
haveria mesmo de acontecer,
já que o alvorecer do negrume,
já que o alvorecer do negrume,
é fato,
é riscado vital nas passadas
é riscado vital nas passadas
de um guerreiro
de volta a luz,
tocado pelas pontas
tocado pelas pontas
do novo voltímetro,
pelo dínamo resoluto
do que nunca deixa de explodir,
vosso poeta, meu poeta,
meu cantor, vosso cantor
pelo dínamo resoluto
do que nunca deixa de explodir,
vosso poeta, meu poeta,
meu cantor, vosso cantor
( edu planchêz )
TERRA DO SEMPRE
um mais um, mais um, mais um...
somando subtraindo,
sou um corpo saindo das trevas,
da negação, do que se isola
sem obter respostas,
para obter respostas
a minha dor
que não é diferente da tua,
diluída na mentira,
emergida na água,
se move por meus dedos
que ainda pouco tocaram no vidro
de uma lâmpada quente
diluída na mentira,
emergida na água,
se move por meus dedos
que ainda pouco tocaram no vidro
de uma lâmpada quente
convivo com o tempo,
com as passadas que fiz e faço
em torno do sol das coisas,
com a ocasional falta de luz,
com o clarão que um dia vi
abruptamente vindo do fundo
das cenas de electra concretra,
teatro do irmão que não sabe
que é meu irmão gerald thomas
com as passadas que fiz e faço
em torno do sol das coisas,
com a ocasional falta de luz,
com o clarão que um dia vi
abruptamente vindo do fundo
das cenas de electra concretra,
teatro do irmão que não sabe
que é meu irmão gerald thomas
mas é vida que segue,
mais um balão de nada destruído,
mais uma morte,
mais um alvorecer da fênix
mais um balão de nada destruído,
mais uma morte,
mais um alvorecer da fênix
para os dias paridos
pela a fornalha da arte,
vou trovejando
pousado nas muitas patas
gestadas pelo gênio de salvador dali
nas sementes rubras da romã,
na crista do galo,
no rinoceronte de bronze
pela a fornalha da arte,
vou trovejando
pousado nas muitas patas
gestadas pelo gênio de salvador dali
nas sementes rubras da romã,
na crista do galo,
no rinoceronte de bronze
a jangada de pedras de sangue
do que esteve no porão
por alguns centímetros
do que esteve no porão
por alguns centímetros
metros de horas,
agora singra pela superfície
do líquido adormecido
em tonéis de madeira
num canto da terra do sempre
agora singra pela superfície
do líquido adormecido
em tonéis de madeira
num canto da terra do sempre
( edu planchêz )
a música de minha dama de safiras
na reta da fonte
onde mastigo o que escrevo,
e o que escrevo é o que escrevo,
não sei explicar o que não se explica
morder a boca, a boca da minha boca
que é a sua boca
mãe de todas as bocas
que é a sua boca
mãe de todas as bocas
minha dama é princesa,
a escrita em mim escavada,
branca poça, ardor maior,
multiplicada está nos metais
do que faço
a escrita em mim escavada,
branca poça, ardor maior,
multiplicada está nos metais
do que faço
para nunca perder a música,
a música de minha dama
a música de minha dama
de safiras
( edu planchêz )
PORRA
dalton trevisan-
arrigo barnabé-
paulo leminski-
itamar assumpção-
denise stoklos-
catarina crystal-
mário borttoloto-
luiz felipe leprevost...
ácidas criaturas nascidas
nessa curitiba
q ora piso e me pisa
( edu planchêz )
EU ESCREVO
eu escrevo pq é algo
q me redime
diante do q rasga,
diante do q rasga,
do q derrete,
do q mastiga
do q mastiga
no cérebro de uma rã
passarei essa noite,
meu ser anfíbio soletra
as palavras que deve escrever,
o recado digitado pelos pingos
sobre a pele
passarei essa noite,
meu ser anfíbio soletra
as palavras que deve escrever,
o recado digitado pelos pingos
sobre a pele
escrever é cortar palavras,
limpar terreiro,
mover a lâmina no rosto
limpar terreiro,
mover a lâmina no rosto
( edu planchêz )
estar nos tendões do que posso ver
o impopular, eu,
o avarento,
economista de dias e noites,
de passagens reservadas aos loucos,
aos confrades,
aos que pegam a barca genética
para alçarem voos
de passagens reservadas aos loucos,
aos confrades,
aos que pegam a barca genética
para alçarem voos
sobre os pássaros do mar
dos corais maravilhosos
dos corais maravilhosos
reino de sinais,
de enigmas especiais
vertidos em belos colares,
em anéis de simplicidade
de enigmas especiais
vertidos em belos colares,
em anéis de simplicidade
estar nos tendões do que posso ver
e tocar, é usar uma luva de músicas
e tocar, é usar uma luva de músicas
mãe,
a coragem de ir, de não ir,
de gastar o meu baton
no baton da dama que amo
a coragem de ir, de não ir,
de gastar o meu baton
no baton da dama que amo
( edu planchêz )
Leia, Catarina Crystal
e o amor é tanto,
muito mais
do que posso descrever,
bradar montado nos tubos do ar,
nas manivelas que movem
a mola do relógio antigo
que pertenceu ao mais ancestral
dos seres
e é no ancestral
que encontro esse amor,
essa mulher dona
essa mulher dona
de todas as caravanas,
dos cortejos, da grande festa
que é dormir
e acordarmos juntos
dos cortejos, da grande festa
que é dormir
e acordarmos juntos
amo fazer teu café,
te dar água,
cortar as frutas
para que se alimente de frutas
cortar as frutas
para que se alimente de frutas
eu à amo,
e esse amar vem do mais remoto,
e o vento não vai levá-lo jamais,
nossas crias hão se espalhar
pelas vindouras gerações
e esse amar vem do mais remoto,
e o vento não vai levá-lo jamais,
nossas crias hão se espalhar
pelas vindouras gerações
que ninguém me compreenda
quando digo
quando digo
que sou um visionário",
um que conversa com as sombras,
com as pequenas borboletas
que fluem das pencas
dos muitos astros
que são nossos beijos
um que conversa com as sombras,
com as pequenas borboletas
que fluem das pencas
dos muitos astros
que são nossos beijos
ERVA
usando os fones de ouvido para captar
o algo vindo do não sei o que,
assim estou nesse agora,
confuso, choroso,
provando a angustia
humana animal humana
vou na direção que sempre acho
que deve ser a direção,
se erro, se acerto, parte é da jornada,
entrelaçar da vida com a vida,
o imperfeito é perfeito
se erro, se acerto, parte é da jornada,
entrelaçar da vida com a vida,
o imperfeito é perfeito
essa é a glória, nada saber,
permanecer longe do que faz sentido,
eu sou um sem sentido batendo palmas
para o que foi perdido
permanecer longe do que faz sentido,
eu sou um sem sentido batendo palmas
para o que foi perdido
nada anjo, tudo anjo,
estalo de coisas
estalo de coisas
que torno a não compreender,
e assim sou feliz e não feliz
sem nada saber,
sem nada guardar,
apenas beijo os que devem
e não devem serem beijados
e assim sou feliz e não feliz
sem nada saber,
sem nada guardar,
apenas beijo os que devem
e não devem serem beijados
ser comum,
que sofre por quase nada,
por pensar,
por pensar,
apenas por ter reflexões,
por achar o que não devia,
por mover de si mesmo o indizível,
e não direi nada,
e apenas conversarei
por achar o que não devia,
por mover de si mesmo o indizível,
e não direi nada,
e apenas conversarei
com a minha erva,
e apenas seguirei
e apenas seguirei
os meus mágicos passos,
as marcas,
as marcas,
que meu próprio cuspe deixa
nos vultos
( edu planchêz )
E AS ETERNAS RUAS DE CURITIBA
e as eternas ruas
de Curitiba jamais
esquecerão o dia que colhi
esquecerão o dia que colhi
ramas de serralhas
para construir uma salada,
um monumento silvestre
ao nossos "secretos dentes",
aos nossos estômagos exigentes
para construir uma salada,
um monumento silvestre
ao nossos "secretos dentes",
aos nossos estômagos exigentes
eu e minha mulher
+ sua família agora minha...
em Curitiba,
amargo meu fumo
nas sombras das estrelas
aqui de Curitiba mesmo
+ sua família agora minha...
em Curitiba,
amargo meu fumo
nas sombras das estrelas
aqui de Curitiba mesmo
remarei remarei, assim o sou,
o remador das coisas
o remador das coisas
arremessadas
em movimentos circulares,
movimentos estes,
de quem abre portas
em movimentos circulares,
movimentos estes,
de quem abre portas
( edu planchêz )
neguinho neguinho
estadia no vento,
nas coisas que não vejo
sem o ver de todos os videntes,
acima desses olhos turvos
que se escondem nas trevas,
nos oiros
acima desses olhos turvos
que se escondem nas trevas,
nos oiros
tento, mas não consigo me omitir
diante dos tremores,
das injustiças narradas
diante dos tremores,
das injustiças narradas
pelo noticiáriodesnoticiário,
pela alfazema que compro
pela alfazema que compro
na feira moderna
carpenters em todas as danças
da minha mulher,
gostaria de ser
gostaria de ser
chamado de meu homem,
homem gostoso, poeta formoso...
homem gostoso, poeta formoso...
a vida é picotada arcada em pedaços,
em supra virilidade,
em rigorosos invernos inesplicáveis,
da fraqueza força,
do fubá o melhor milho
em supra virilidade,
em rigorosos invernos inesplicáveis,
da fraqueza força,
do fubá o melhor milho
compreendo o crepúsculo do macho,
o intervalo do quase sumir,
e a fênix que mora em meu fêmur
o intervalo do quase sumir,
e a fênix que mora em meu fêmur
ela ainda vai dizer te amo,
companheiro da extrema intimidade,
neguinho neguinho
companheiro da extrema intimidade,
neguinho neguinho
( edu planchêz )
sábado, 4 de março de 2017
PAPEL
papel sem parede,
sem margens que limitam,
sem linhas para comandar
a marcha das letras
papel de arroz
nas mãos,
no lápis,
na ponta
nas mãos,
no lápis,
na ponta
( edu planchêz )
videira que flutua
o dia que ainda está congelado
dentro de mim,
eu o derreto por vontade própria
dentro de mim,
eu o derreto por vontade própria
desatando nós, estruturas aferidas
pelas vivencias,
pelas vivencias,
relações, pontos invisíveis,
a maçã podre que deve ser vomitada
a maçã podre que deve ser vomitada
vomitar a maçã
sobre a maçã
sobre o nosso coito
sobre a maçã
sobre o nosso coito
vinde artista intra-celular
intra corpito visto pela mente
dentro do dentro do dentro,
nas sacudidelas
intra corpito visto pela mente
dentro do dentro do dentro,
nas sacudidelas
dos frutos da videira
que flutua
que flutua
( edu planchêz )
verso não tem dono
para sempre, A ESTRADA,
rolo de papel ora de luz,
escancarado para o temporal de letras,
vogais esvoaçantes,
rolo de papel ora de luz,
escancarado para o temporal de letras,
vogais esvoaçantes,
consoantes ameaçando chuva
são diários trazidos
do dom de fazer diários,
anotações cerebrais
que vão se desenrolando,
desenrolando pela ranhuras
das tintas dos que vivem,
dos que no tempo amarrotado
pelos pinceis
se expande sobre a lona do circo
anotações cerebrais
que vão se desenrolando,
desenrolando pela ranhuras
das tintas dos que vivem,
dos que no tempo amarrotado
pelos pinceis
se expande sobre a lona do circo
e por essas pistas alagadas
por nossos sonhos,
por nossas aranhas rebeldes
domadoras dos dias e das noites,
das lebres que se ocultam
no fundo do espelho
por nossos sonhos,
por nossas aranhas rebeldes
domadoras dos dias e das noites,
das lebres que se ocultam
no fundo do espelho
e eu remo com as caras da lucidez
dos que se amarram
nos átomos do compasso
da música nunca d'antes navegada
dos que se amarram
nos átomos do compasso
da música nunca d'antes navegada
e beth brait me diz
que cada verso meu
é um poema,
e cada verso meu é,
não é meu porque é verso
e verso não tem dono
é um poema,
e cada verso meu é,
não é meu porque é verso
e verso não tem dono
( edu planchêz )
de luzes acesas
sempre montando desmontando
o pior melhor poema,
a simples cara
raiz do tempo chuvoso
o pior melhor poema,
a simples cara
raiz do tempo chuvoso
e eu ando sempre sem tempo
na incoerência das ervas
encaixado
com perfeição
no tom jobim
dessa arte tarde
de curitiba planetária
na incoerência das ervas
encaixado
com perfeição
no tom jobim
dessa arte tarde
de curitiba planetária
relaxa homem
dos pequenos grãos,
das sonhadas aves
de fogo perfumadas
dos pequenos grãos,
das sonhadas aves
de fogo perfumadas
o fogo perfumado de aves
encontra no sábio
o fogo perfumado de aves,
pinhais
romanzeiras azeitada de romãs
encontra no sábio
o fogo perfumado de aves,
pinhais
romanzeiras azeitada de romãs
porque te trago tatuado
nos pés,
nas caravanas de peixes
habitantes do ar
que você mastiga
nos pés,
nas caravanas de peixes
habitantes do ar
que você mastiga
aqui nasceu meu amor,
a que reina
em minha células,
nos remos que uso
para colher os frutos
( de tua voz )
( de tuas cordas diamantes vocais )
a que reina
em minha células,
nos remos que uso
para colher os frutos
( de tua voz )
( de tuas cordas diamantes vocais )
meu amor,
a terra de meu amor,
os pais, os irmãos, as irmãs,
as filhas de meu amor
a terra de meu amor,
os pais, os irmãos, as irmãs,
as filhas de meu amor
minhas lágrimas,
amo a minha família
que vai além do sangue,
os que entram pelo furos
do sentimento
que me mantém nesse mundo
amo a minha família
que vai além do sangue,
os que entram pelo furos
do sentimento
que me mantém nesse mundo
minha mulher
e os seus filmes de terror
mais amados,
os mesmos odiados nos sonhos,
os que à fazem dormir
de luzes acesas
e os seus filmes de terror
mais amados,
os mesmos odiados nos sonhos,
os que à fazem dormir
de luzes acesas
( edu planchêz )
OLHOS DE LIVROS
Diego El Khouri e Antonin Artaud,
eu os fumo bem apertados
na palha da minha loucura querida,
e a poesia nos remete ao sono
das coisas que nunca dormem
sobre os carcomidos dentes do velho,
da faca que divide nosso cérebro
em fatias, em nacos
que nem mesmo a mãe das cartas
dos amores dos amores
escreveu
eu os fumo bem apertados
na palha da minha loucura querida,
e a poesia nos remete ao sono
das coisas que nunca dormem
sobre os carcomidos dentes do velho,
da faca que divide nosso cérebro
em fatias, em nacos
que nem mesmo a mãe das cartas
dos amores dos amores
escreveu
E eu nada vou dizer porque nada
está estampado na tela dos degraus
do insondável que nos visita
a essa hora,
que eu fico de campana aguardando
o som do não som
renovar a esfera do que quero
ver nas casas dos meus olhos de livros
está estampado na tela dos degraus
do insondável que nos visita
a essa hora,
que eu fico de campana aguardando
o som do não som
renovar a esfera do que quero
ver nas casas dos meus olhos de livros
( edu planchêz )
sábado, 25 de fevereiro de 2017
ATÉ O CHÃO DO SOL
a luneta de vidro
do intenso futuro
nos mostra no congo
( eu catarina e aurea )
soltando os muitos
flamingos da alma
sob sobre
as crateras da alma
que som palavras
a áfrica desejada
e eu desejo a áfrica,
as retinas dos que lá estão
em nossas retinas
de requintes music literários
e a festa, e o festival
de aves, de falas,
de mãos tambores
que batem no bater
de nossos corações chocalhos
lembrando das ilhas cagarras,
das setas que delas partem
cortando o oceano
com o sabor
de nossos corpos de poesia
para na poesia da viagem
de ida e volta
erguer o navio
dos nossos escritos
até o chão do sol
( edu planchêz )
MARKO ANDRADE amado
olhos pequenininhos,
os meus,
os que me observam
por entre as vastas plantas,
nos flocos das luzes
refletidas por minhas lágrimas,
pelas lágrimas do vento irmão
eu e vou
respirando o novo,
a capacidade que tenho
de verter
o que é dor em conteúdo,
em festas construídas
por meus dedos
no corpo da flauta
no corpo da flauta,
o sopro preciso
de meus pulmões reza
canções para o infinito
de todas as coisas,
e meu irmão
Marko Andrade transcreve
o que penso dedilhando
o seu amado violão
cravejado de estradas intensas,
de radiantes sentidos acordes
frutos de sua genial
engenharia humana musical
Marko Andrade amado,
eu choro e não tenho
uma resposta para esse choro,
acredito compreender
vosso retiro,
as flechas que lança
na pele
dos que ainda possuem pele,
e possuir pele,
passa no mergulho ancestral,
nas passadas
imperiais que só eu ,
você e uns poucos percebem
e os gatos
que se penduram nas naves
dos que querem o vinho maior,
escorre, desliza, evapora
por dentro da alma grupo
dos que esticam
as linhas dos mapas
até não mais existirem países
eu digo, que sou um país,
que você é outro,
que Dangó e Arnaldo Vieira
são nações
( edu planchêz )
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