domingo, 26 de março de 2017


no nada me sento


os valores 
que acredito transcendem
o que acredito 
e o que eu não acredito,
em nada acredito, 
em tudo acredito,
estupefato, decepcionado,
para alem de qualquer reflexão

eu homem pisando 
nos pés do chão
com meus pés 
o chão de meu corpo,
ora cá por essa terra,
dentro do caos do des-saber,
do saber oriundo do eu eu,
do eu você, do eu que voa

do eu que voa,
arranco o eu que não voa
e sigo não seguindo nada,
e no nada me sento

( edu planchêz )

centauros


e o tempo
que vem trazendo
e levando tudo,
instiga, assusta,
mapeia o medo,
espalha o aventurar-se
que é o contrário
do medo

e o contrário 
é caminhar sobre o mar
como um dia fiz 
sob o efeito da ayhuasca,
foi real,
andei mesmo sobre os tremores
das ondulações,
fui bicho, sou bicho,
o ancestral da centopeia,
a mais fina das espécies,
o mais grotesco

nos rascunhos 
do que ainda não plasmei,
está a nuvem, o óvulo,
o grão, 
a nascente dos centauros

( edu planchêz )

no teu grelo, ama


por sorte o reino 
das letras estranhas
( todas letras são estranhas )
penetra o mofo,
as aranhas retorcidas,
os cones nada frios 
da ação incontrolável
de entrarmos nos ventres,
nas lascas do doce
que deles jorram

não, eu não digo por dizer,
digo para reverter
a última e a próxima 
rotação do planeta
em torno do planeta 
( que somos )
e que não somos

planeta perdido no sangue,
achado no sangue,
nas orbitas que alçamos
para mover raios
e fagulhas,
faíscas elétricas
ai em tua cidade, 
naquele canto,
no outro relâmpago,
no que vos peço
com a delicadeza 
dos insetos azuis

minha engenharia 
gramatical cabe
no incabível,
bem rente aos grandes 
pequenos lábios,
no grelo teu, ama

( edu planchêz )
( edu planchêz )

um milhão e meio de mamutes radioativos


um milhão e meio 
de mamutes radioativos
se somam aos sonoros alces
caídos das nuvens
do céu que nunca escurece
( e sempre escurece )
para em nome do nada
fazermos tudo

eu continuo escrevendo 
movido pelos
rastros deixados por kerouac
nas breves histórias
que se alongam
para alem dos arquivos
muito secretos
que se escondem 
nas escancaradas porteiras

( edu planchêz )

ouve essa, Ricola de Paula


fumando o baseado dos livros
que cassia eller nos oferece
com sua voz de toneladas 
de cargas ultra amaras,
ultra rasgos de dunas gigantes,
areias sujas de luz
& árvores saborosas,
ervas suculentas 
cravam-se nas carnes
dos que abertos estão
para as capacidades rasantes
dos aviões que não param
de rodopiarem
nas cabanas do olho

no olho da arteira 
mulher arrebatadora
remam navios cheios de rosas,
redemoinhos, 
vassouras feitas de galhos,
a poesia do que vem 
sem não precisar jamais
da lógica dos que não vivem
porque viver é ir e ir,
marcar as camadas do solo
com as margaridas escrachadas
da arrebentação
das ondas que gemem...
( continuem o poema )

( edu planchêz )

sono beat


um poema enorme automático
revira-se nos meandros
do que não penso porque pensar
é roer o rádio de antenas
que se espalha 
nas cavernas das meias verdades
que excluo do meu reino
de sabias alucinações

você que não compreende 
o que falo,
fique sem compreender
porque vou continuar falando,
arrotando as linhas que
se espalham 
e constróem cidades
nos lares das formigas
que imagino

e eu apenas escrevo
com um rolo 
de papel imaginário
pendurado por fios
nos arames do teclado

e eu não sei o que digo,
e o que digo 
não precisa nada dizer

prometo continuar escrevendo
pelas próximas horas sem sono
esse sem fim poema
( edu planchêz )

nos colares kerouacs do cérebro


compramos 
por cinco reais no shopping-chão
( rua da glória/ rua da lapa )
duas caixas de som de prima
que estão aqui funcionando 
que é uma maravilha
( no nosso pc-xp ) magnífico,
ultrapassado para os especuladores,
mas que eu adoro, e mexo nele,
como quem mexe num fusca,
na bunda que amo

e foda-se essa turba 
sem subterrâneos
nos colares kerouacs do cérebro,
nos colares kerouacs do cérebro 
penduro as centenas de luas
que arranco das ruas,
dos corações famintos 
do povo de rua,
nossos irmãos 
e irmãs da arte vida

o humano é o que mais fala
na trajetória de pista
que eu e minha mulher 
catarina crystal
fazemos pelas nuas ruas 
do rio de janeiro-
morcego-dourado de olhos,
garça radioativa
pousada na beira do mangue

avenida presidente vargas,
avenida rio branco,
rua do catete...
de acertos e erros,
de moedas e notas
doadas pelo nosso cantar
pelas pessoas,
pelos que comem delírius,
os nossos delírius arquétipos
que vou chamar aqui, 
de professor jards macalé,
nada mais é que isso
porque sempre lembro que,
hermínio belo de carvalho
encontrou cartola lavando carros
nas entranhas da praça tiradentes,
e nas entranhas da praça tiradentes,
pescamos nosso peixe,
a alma do peixe música,
do peixe poesia

e vamos rodando 
as rodas do carrinho
que usamos para carregar 
nossa caixa de som à bateria, 
responsável direta da marcante festa
que fazemos de segunda à segunda
para nos alegrar,
para alegrar os que correm
e resolvem parar
para subirem nos ombros 
de edith piaf
( perfeitamente encarnada 
por minha imperiosa dama )

e essa cidade 
que sempre foi afrancesada,
delira porque sem delírio,
o guerreiro da luz não é amor,
não é semente de cobra que samba
o rock blues não sei o que,
na voz de sérgio sampaio
que para sempre reverbera
nas minhas costelas,
na nossa fome de se armar
de sons, de jóias palavras,
de aviões e navios
que seguirão para o sul 
leste norte oeste
nos levando,
nos seios da borboleta de sonhos
de projetos nada mais que humanos

cumpriremos nossa lenda pessoal
de amor magistral,
mais que mais,
bem carioca

( edu planchêz )
"O selo é um pedaço 
redondo de jade, 
conferido como insígnia d
e
 um posto"
"Insígnia de jade, 
sinal de autoridade"

Rodrigo Verly me disse...



Rodrigo Verly me disse:
"você é o maior poeta 
vivo que conheço",
me sinto orgulhoso 
e envergonhado,
mas nenhum anjo sussurra 
em meus ouvidos
"você está cumprindo um destino,
és um instrumento da luz"

Não estou no Harlem
ouvindo a voz de Willian Blake,
nem em Aparecida de Goiânia
torrando uma tonelada
de folhas de coca;
Jacarepaguá com seus pássaros
me cobre com a friagem matutina,
a garganta arde,
pego na cozinha uma bela pitada sal
e jogo na boca, um pouco de água...
e gargarejo cuspindo água mesmo

( edu planchêz )

caciques armados de flores


minha mente peneira
a areia do que cresce
nas dunas do inevitável
para construir navios
de areia nos mares de areia

nos mares de areia
afundam borboletas 
de metal leve,
besouros lapidados
com o que não lapida,
caciques armados de flores

( edu planchêz )

sons selvagens


o buraco da poesia engole
o buraco da poesia,
a soma de todas as palavras que espalhei
sobre a barriga do monstro de argila,
sobre a cabeça do sono
das coisas que nunca dormem

e eu nunca durmo,
apago carvões com a chave
que movo na fenda
da casa de todos

o inventor aqui nada inventa,
abre as pernas do nunca,
o imperfeito,
a roma de que nunca esteve em virgilio,
o carvalho crescido
nos pares de ossos,
nas constantes pegadas
que deixo nas paredes
que se estendem para o além
do que devo ver

amarela clava de fogo atiçado
pela imaginação
que não guardo nas portas,
nas páginas do que não escrevo
porque escrever é reter
na matéria os sons selvagens

( edu planchêz )

A HORA DOS DIAMANTES

 ( ao João do Corujão )

Nós, os Celebreiros,
declaramos somente contar 
com a chama de nosso interior
Contamos apenas com o "mar de raios", 
do sol do céu, 
do sol de nossos corações 
brasileiros universais

Possuímos raízes 
profundamente fincadas
Determinamos cobrir 
esse pais-Terra
com as folhas de ouro da poesia
"Não avança é recuar"
Nossas mãos, vozes, palavras,
inauguram a comunicação 
de alma para alma
Essa é a atitude de um celebreiro 
pau pra toda obra
Essa é a nossa doce entrega
Nada ou ninguém é caso perdido
Avancemos!
Se quiser nos acompanhe
Avançaremos, 
e o que importa é avançar
Se desejar, 
nos chame de tropicalistas, 
mangue-beat,
nação brasilis, 
homens-mulheres 
de pedra orgânica, 
ciclone invisível,
ou qualquer outra maravilha 
sem cotação na bolsa de Pequim

O fato é que estamos acordados
diante de uma terra 
cheia de estrelas 
e demônios estrelas.
Nada temer
A Lei das Lei é 
a nossa pele selvagem

Nosso sonhos ganharão corpo 
no reino da matéria
Não abriremos mão, 
ser feliz é a nossa opção
Infalivelmente, 
os verdadeiros humanos
serão evidenciados 
e a voz do poeta será (é )
a maior de todas as vozes
porque a poesia é a maior 
de todas as revoluções

( edu planchêz )

JORGE CAVALGA


Jorge cavalga
sentado na gema do ovo
minha cabeça
Penso no guerreiro
desafiando
as entranhas de mim

Pelos cendeiros do mundo,
assino tratados,
traço os mapas
que meus gigantes pés
irão pisar
fitando as pupilas de Jorge

Jorge cavalga
sentado na gema do ovo
minha cabeça

Todos os transes da lua
habitam os pilares
de nossa casa
Jorge é o mestre
de todos os jogos da sorte

Místico poema
Místico encontro
Os cavalheiros raiados dançam
(com Jorge)

Jorge cavalga
sentado na gema do ovo
minha cabeça

( Edu Planchêz )

potentes luzes


"Cala boca já morreu",
abra-te Sésamo,
e outras frases mágicas
para destrancar a porteira,
arrancar do fundo 
nosso os demônios
da dor da omissão

A firme vontade, 
a convicção extrema,
o poder humano que reside em mim,
em você,
nas lanternas do novo mundo
que ora se abre 
(por nossa própria vontade)
para que façamos
nossas camas 
sob o comando dos girassóis

"O que está fora é reflexo 
do que está dentro",
firme vento da vitória,
firme compreensão, 
mudança da história,
o ouro em pó está em nossas mãos

Ir além de todas as mortes
e compreende-las,
ir além das sombrias notícias,
movido pelo protons do super homem,
pelas potentes luzes do céu interior

(edu planchêz )

segunda-feira, 20 de março de 2017

chegaremos a india


escrevo enquanto
arquivos iso são descompactados
num pendrive,
escrevo para me descompactar,
para retomar as braçadas

contamos os dias,
o número de ondas das correntes,
as luas: eu e os soldados,
eu e alexandre da macedônia

chegaremos a índia,
aos olhos dos elefantes,
ao rei vencido ( mas sempre rei ),
ao exercito dizimado

quem mergulha na história,
sabe do que falo

( edu planchêz )

onde pousam os gansos


edu planchêz 
orgânico arte poeta
solto nas escadas 
extremas do bem,
damasco atado aos reinos 
dos colibris

para sua amada catarina crystal,
o farol cor de música,
cor de vento mágico,
amor catavento ventarola

carnaval ardido de tintas,
de carvões perfumados,
danças que alcançam o raio
onde pousam os gansos

( edu planchêz )

tudo


tudo que falo 
na vida manifesta
me aparece nos sonhos,
pelo mecanismo que percebo,
pelos estudos de Jung,
pela lembrança do filme de terror
que assisti com catarina 

e as crianças
em Curitiba cósmica


( edu planchêz )

mamutes mutantes


mamutes mutantes mamam
os bicos das letras
que escorrem,
sem mesmo repararem nas taças
que fervem
nas leves cores
que soldam
uma frase na outra


ela me acena
eu aceno para ela
mais cedo
mais tarde
durante o coito
das caras das nossas caras

mamutes marcantes
largados no tombo
da fruta regida pelas espumas
do limo da constante luz

mariscos
azulões
lulas
caranguejos

é o ar de ipanema
nas grades
que são meus dentes
para a língua
que uso para filtrar
as folhas da fala
as formas agudas do beijo

( edu planchêz )

vosso poeta, meu poeta


vendo esse meu rosto 
de alguns anos atrás,
livre das marcas do hoje,
ou carente dessas marcas
meu rock andou 
jogado pelos cantos,
para um homem experimental,
tal situação, 
haveria mesmo de acontecer,
já que o alvorecer do negrume,
é fato,
é riscado vital nas passadas 
de um guerreiro
de volta a luz,
tocado pelas pontas 
do novo voltímetro,
pelo dínamo resoluto
do que nunca deixa de explodir,
vosso poeta, meu poeta,
meu cantor, vosso cantor

( edu planchêz )

TERRA DO SEMPRE


um mais um, mais um, mais um...
somando subtraindo,
sou um corpo saindo das trevas,
da negação, do que se isola
sem obter respostas,
para obter respostas

a minha dor 
que não é diferente da tua,
diluída na mentira,
emergida na água,
se move por meus dedos
que ainda pouco tocaram no vidro
de uma lâmpada quente

convivo com o tempo,
com as passadas que fiz e faço
em torno do sol das coisas,
com a ocasional falta de luz,
com o clarão que um dia vi
abruptamente vindo do fundo
das cenas de electra concretra,
teatro do irmão que não sabe
que é meu irmão gerald thomas

mas é vida que segue,
mais um balão de nada destruído,
mais uma morte,
mais um alvorecer da fênix

para os dias paridos
pela a fornalha da arte,
vou trovejando
pousado nas muitas patas
gestadas pelo gênio de salvador dali
nas sementes rubras da romã,
na crista do galo,
no rinoceronte de bronze

a jangada de pedras de sangue
do que esteve no porão
por alguns centímetros 
metros de horas,
agora singra pela superfície
do líquido adormecido
em tonéis de madeira
num canto da terra do sempre

( edu planchêz )

a música de minha dama de safiras


na reta da fonte
onde mastigo o que escrevo,
e o que escrevo é o que escrevo,
não sei explicar o que não se explica

morder a boca, a boca da minha boca
que é a sua boca
mãe de todas as bocas

minha dama é princesa,
a escrita em mim escavada,
branca poça, ardor maior,
multiplicada está nos metais
do que faço 
para nunca perder a música,
a música de minha dama 
de safiras

( edu planchêz )

PORRA


dalton trevisan-
arrigo barnabé-
paulo leminski-

itamar assumpção-
denise stoklos-

catarina crystal-
mário borttoloto- 

luiz felipe leprevost...
ácidas criaturas nascidas 

nessa curitiba
q ora piso e me pisa


( edu planchêz )

EU ESCREVO


eu escrevo pq é algo 
q me redime
diante do q rasga, 
do q derrete,
do q mastiga
no cérebro de uma rã
passarei essa noite,
meu ser anfíbio soletra
as palavras que deve escrever,
o recado digitado pelos pingos
sobre a pele
escrever é cortar palavras,
limpar terreiro,
mover a lâmina no rosto

( edu planchêz )

estar nos tendões do que posso ver


o impopular, eu,
o avarento, 
economista de dias e noites,
de passagens reservadas aos loucos,
aos confrades,
aos que pegam a barca genética
para alçarem voos 
sobre os pássaros do mar
dos corais maravilhosos

reino de sinais,
de enigmas especiais
vertidos em belos colares,
em anéis de simplicidade
estar nos tendões do que posso ver
e tocar, é usar uma luva de músicas

mãe,
a coragem de ir, de não ir,
de gastar o meu baton
no baton da dama que amo

( edu planchêz )

Leia, Catarina Crystal


e o amor é tanto,
muito mais
do que posso descrever,
bradar montado nos tubos do ar,
nas manivelas que movem
a mola do relógio antigo
que pertenceu ao mais ancestral
dos seres
e é no ancestral 
que encontro esse amor,
essa mulher dona 
de todas as caravanas,
dos cortejos, da grande festa
que é dormir
e acordarmos juntos

amo fazer teu café, 
te dar água,
cortar as frutas
para que se alimente de frutas

eu à amo,
e esse amar vem do mais remoto,
e o vento não vai levá-lo jamais,
nossas crias hão se espalhar
pelas vindouras gerações

"pode ser
que ninguém me compreenda
quando digo 
que sou um visionário",
um que conversa com as sombras,
com as pequenas borboletas
que fluem das pencas
dos muitos astros
que são nossos beijos

ERVA


usando os fones de ouvido para captar
o algo vindo do não sei o que,
assim estou nesse agora,
confuso, choroso,
provando a angustia 
humana animal humana
vou na direção que sempre acho 
que deve ser a direção,
se erro, se acerto, parte é da jornada,
entrelaçar da vida com a vida,
o imperfeito é perfeito
essa é a glória, nada saber,
permanecer longe do que faz sentido,
eu sou um sem sentido batendo palmas
para o que foi perdido
nada anjo, tudo anjo,
estalo de coisas 
que torno a não compreender,
e assim sou feliz e não feliz
sem nada saber,
sem nada guardar,
apenas beijo os que devem
e não devem serem beijados
ser comum, 
que sofre por quase nada,
por pensar, 
apenas por ter reflexões,
por achar o que não devia,
por mover de si mesmo o indizível,
e não direi nada,
e apenas conversarei 
com a minha erva,
e apenas seguirei 
os meus mágicos passos,
as marcas, 
que meu próprio cuspe deixa 
nos vultos

( edu planchêz )

E AS ETERNAS RUAS DE CURITIBA


e as eternas ruas 
de Curitiba jamais
esquecerão o dia que colhi 
ramas de serralhas
para construir uma salada,
um monumento silvestre
ao nossos "secretos dentes",
aos nossos estômagos exigentes
eu e minha mulher
+ sua família agora minha...
em Curitiba,
amargo meu fumo
nas sombras das estrelas
aqui de Curitiba mesmo
remarei remarei, assim o sou,
o remador das coisas 
arremessadas
em movimentos circulares,
movimentos estes,
de quem abre portas

( edu planchêz )

neguinho neguinho


estadia no vento,
nas coisas que não vejo 
sem o ver de todos os videntes,
acima desses olhos turvos
que se escondem nas trevas,
nos oiros
tento, mas não consigo me omitir
diante dos tremores,
das injustiças narradas 
pelo noticiáriodesnoticiário,
pela alfazema que compro 
na feira moderna
carpenters em todas as danças 
da minha mulher,
gostaria de ser 
chamado de meu homem,
homem gostoso, poeta formoso...
a vida é picotada arcada em pedaços,
em supra virilidade,
em rigorosos invernos inesplicáveis,
da fraqueza força,
do fubá o melhor milho
compreendo o crepúsculo do macho,
o intervalo do quase sumir,
e a fênix que mora em meu fêmur
ela ainda vai dizer te amo,
companheiro da extrema intimidade,
neguinho neguinho

( edu planchêz )

sábado, 4 de março de 2017

PAPEL


papel sem parede,
sem margens que limitam,
sem linhas para comandar 
a marcha das letras
papel de arroz
nas mãos,
no lápis,
na ponta

( edu planchêz )

videira que flutua


o dia que ainda está congelado
dentro de mim,
eu o derreto por vontade própria
desatando nós, estruturas aferidas
pelas vivencias, 
relações, pontos invisíveis,
a maçã podre que deve ser vomitada
vomitar a maçã
sobre a maçã
sobre o nosso coito
vinde artista intra-celular
intra corpito visto pela mente
dentro do dentro do dentro,
nas sacudidelas 
dos frutos da videira
que flutua

( edu planchêz )

verso não tem dono


para sempre, A ESTRADA,
rolo de papel ora de luz,
escancarado para o temporal de letras,
vogais esvoaçantes, 
consoantes ameaçando chuva
são diários trazidos 
do dom de fazer diários,
anotações cerebrais
que vão se desenrolando,
desenrolando pela ranhuras
das tintas dos que vivem,
dos que no tempo amarrotado
pelos pinceis
se expande sobre a lona do circo
e por essas pistas alagadas
por nossos sonhos,
por nossas aranhas rebeldes
domadoras dos dias e das noites,
das lebres que se ocultam
no fundo do espelho
e eu remo com as caras da lucidez
dos que se amarram
nos átomos do compasso
da música nunca d'antes navegada
e beth brait me diz 
que cada verso meu
é um poema,
e cada verso meu é,
não é meu porque é verso
e verso não tem dono

( edu planchêz )

de luzes acesas


sempre montando desmontando
o pior melhor poema,
a simples cara
raiz do tempo chuvoso
e eu ando sempre sem tempo
na incoerência das ervas
encaixado
com perfeição
no tom jobim
dessa arte tarde
de curitiba planetária
relaxa homem
dos pequenos grãos,
das sonhadas aves
de fogo perfumadas
o fogo perfumado de aves
encontra no sábio
o fogo perfumado de aves,
pinhais
romanzeiras azeitada de romãs
porque te trago tatuado
nos pés,
nas caravanas de peixes
habitantes do ar
que você mastiga
aqui nasceu meu amor,
a que reina
em minha células,
nos remos que uso
para colher os frutos
( de tua voz )
( de tuas cordas diamantes vocais )
meu amor,
a terra de meu amor,
os pais, os irmãos, as irmãs,
as filhas de meu amor
minhas lágrimas,
amo a minha família
que vai além do sangue,
os que entram pelo furos
do sentimento
que me mantém nesse mundo
minha mulher
e os seus filmes de terror
mais amados,
os mesmos odiados nos sonhos,
os que à fazem dormir
de luzes acesas

( edu planchêz )

OLHOS DE LIVROS


Diego El Khouri e Antonin Artaud,
eu os fumo bem apertados
na palha da minha loucura querida,
e a poesia nos remete ao sono
das coisas que nunca dormem
sobre os carcomidos dentes do velho,
da faca que divide nosso cérebro
em fatias, em nacos
que nem mesmo a mãe das cartas
dos amores dos amores
escreveu
E eu nada vou dizer porque nada
está estampado na tela dos degraus
do insondável que nos visita
a essa hora,
que eu fico de campana aguardando
o som do não som
renovar a esfera do que quero
ver nas casas dos meus olhos de livros

( edu planchêz )