sábado, 4 de março de 2017

verso não tem dono


para sempre, A ESTRADA,
rolo de papel ora de luz,
escancarado para o temporal de letras,
vogais esvoaçantes, 
consoantes ameaçando chuva
são diários trazidos 
do dom de fazer diários,
anotações cerebrais
que vão se desenrolando,
desenrolando pela ranhuras
das tintas dos que vivem,
dos que no tempo amarrotado
pelos pinceis
se expande sobre a lona do circo
e por essas pistas alagadas
por nossos sonhos,
por nossas aranhas rebeldes
domadoras dos dias e das noites,
das lebres que se ocultam
no fundo do espelho
e eu remo com as caras da lucidez
dos que se amarram
nos átomos do compasso
da música nunca d'antes navegada
e beth brait me diz 
que cada verso meu
é um poema,
e cada verso meu é,
não é meu porque é verso
e verso não tem dono

( edu planchêz )

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