domingo, 26 de março de 2017

nos colares kerouacs do cérebro


compramos 
por cinco reais no shopping-chão
( rua da glória/ rua da lapa )
duas caixas de som de prima
que estão aqui funcionando 
que é uma maravilha
( no nosso pc-xp ) magnífico,
ultrapassado para os especuladores,
mas que eu adoro, e mexo nele,
como quem mexe num fusca,
na bunda que amo

e foda-se essa turba 
sem subterrâneos
nos colares kerouacs do cérebro,
nos colares kerouacs do cérebro 
penduro as centenas de luas
que arranco das ruas,
dos corações famintos 
do povo de rua,
nossos irmãos 
e irmãs da arte vida

o humano é o que mais fala
na trajetória de pista
que eu e minha mulher 
catarina crystal
fazemos pelas nuas ruas 
do rio de janeiro-
morcego-dourado de olhos,
garça radioativa
pousada na beira do mangue

avenida presidente vargas,
avenida rio branco,
rua do catete...
de acertos e erros,
de moedas e notas
doadas pelo nosso cantar
pelas pessoas,
pelos que comem delírius,
os nossos delírius arquétipos
que vou chamar aqui, 
de professor jards macalé,
nada mais é que isso
porque sempre lembro que,
hermínio belo de carvalho
encontrou cartola lavando carros
nas entranhas da praça tiradentes,
e nas entranhas da praça tiradentes,
pescamos nosso peixe,
a alma do peixe música,
do peixe poesia

e vamos rodando 
as rodas do carrinho
que usamos para carregar 
nossa caixa de som à bateria, 
responsável direta da marcante festa
que fazemos de segunda à segunda
para nos alegrar,
para alegrar os que correm
e resolvem parar
para subirem nos ombros 
de edith piaf
( perfeitamente encarnada 
por minha imperiosa dama )

e essa cidade 
que sempre foi afrancesada,
delira porque sem delírio,
o guerreiro da luz não é amor,
não é semente de cobra que samba
o rock blues não sei o que,
na voz de sérgio sampaio
que para sempre reverbera
nas minhas costelas,
na nossa fome de se armar
de sons, de jóias palavras,
de aviões e navios
que seguirão para o sul 
leste norte oeste
nos levando,
nos seios da borboleta de sonhos
de projetos nada mais que humanos

cumpriremos nossa lenda pessoal
de amor magistral,
mais que mais,
bem carioca

( edu planchêz )

Nenhum comentário:

Postar um comentário